sábado, 31 de dezembro de 2011

Com você

Quando você me beija
Esses lábios tão quentes
Arrepiam a pele inteira
E eu já não me importo
Se já é segunda-feira

E eu já nem sei me esconder
Desses inúmeros enganos
Nem faço tolas confissões
Desse coração mascarado

Eu preciso gritar essa dor
Que isala do peito
Todos esses segredos
De quem não sabe o que é o amor

Todas essas músicas tocadas
Fazem sentido agora
E nesse clichê inventado
Esqueço da hora
Vá embora

Vá embora
Feche a porta
E me leve junto com você

Lembranças

Me diga que estamos indo para algum lugar onde poderemos descansar nas rochas que choram a solidão. Estaremos tão perto do sol, que sentirei a minha pele se derreter ao sutil toque de suas mãos - em minhas mãos.
Sua respiração ofegante me tira o sono nessas madrugadas que inspiram o fogo da matéria em meus sonhos - tão lúcidos. Alguém mais consegue sentir o que sinto ao lembrar dos seus olhos puxados num sorriso travado?
O céu amanhece mais uma vez, enquanto me percebo sozinha nessas madrugadas tão convidativas ao que espero viver - ao seu lado.
Essas xícaras vazias espalhadas pelo cômodo me mostram que há muito não tomo um gole de você.

Os pássaros cantam na esperança de me fazer dormir...
A lua se despede, e se vai, levando meus sorrisos junto a ela.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

As Escolhas

O céu se despede essa noite
As nuvens sussurram o que ninguém consegue ouvir
As flores se escondem da tempestade
Oh, para onde foi todo mundo?
Acho que estou asfixiada
Não posso parar
Já não sei o que digo
Escrever é a maldição
Dos que ainda temem
Alguma forma de salvação
Nosso tempo está acabando
As verdades estão nas entrelinhas
Afogadas no espírito que se foi
Aos 18 fui escolhida
A escolha de não pertencer
As palavras repetidas se encontram
Alguma forma de contradição
Tudo contra
Contra-indicação

Diga que já foi
Eu não quero ir
Estou me sufocando em todas essas decisões
O nosso tempo está acabando
O sol se foi para sempre
E a lua continua sorrindo

Você é a minha morte agora
Meu oxigênio que se foi
Meu tempo está acabando
E esses fios me fazem gritar
Não consigo me lembrar
Como é que tudo se transformou
No hoje.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A Canção do Avesso

Tenho andando por todos esses cantos, procurando o que já não sei buscar. O céu reclama constantemente que eu não sei amar.
Essas canções fazem sentido quando ouvidas ao contrário. Por que é que o mundo só funciona de frente?
O relógio do avesso me faz vibrar, meus sonhos já não sabem sonhar.
Todos me seguem nesse rumo infinito: já não sei onde quero chegar. Vamos cantar a canção da eternidade em toda essa podridão forjada.
Oh, você me faz cantar essa canção do avesso, baby.
Ninguém leva a sério quem nasceu para escrever. A vida só segue para quem sabe morrer.
Vamos nos alimentar de nós mesmos nesse eterno conto de fadas. Esse sentimento confuso que se instala em meu estômago sustenta esse canibalismo implantado.
Oh, você faz com que eu me coma, baby.
Por trás desses óculos escuros posso te ver sem que me veja. Seu olhar tritura a consciência dessa pobre alma infestada. Seus lábios invadem esses sonhos que molham a minha cama nas noites de solidão.
Boa noite. Ou não.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Eu me fui há tanto tempo

Estou sempre nadando entre as ondas do mar, me afogando em todas essas questões que insistem em perseguir o espírito aflito.
Conte-me algum segredo, vamos respirar o ar que reservamos para esta noite. A lua está sempre presente nos momentos de dor. Já não sei o que faz continuar...
Vamos voltar para as estrelas, e sentir o perfume das nuvens que nos lembram os momentos em que sorríamos para o céu. Tanto tempo já se passou...
Essas máscaras fragmentadas se encolhem em meu peito: as lágrimas se dividem entre as falsas risadas.
Essas ondas me levam embora, e me devolvem para o mesmo lugar. Tantos caminhos deixei de seguir por medo de me perder, hoje prezo pelas chaves engolidas à força.

Olhe para mim. Olhe novamente. E quantas vezes forem necessárias.
Quantos suicídios bastam para a alma que renasce da carne?

Eu me fui há tanto tempo...
O céu sorriu para mim.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Da Minha Janela

A janela do meu quarto sussurra
Já não quero me perder em seu sopro
Por tantas vezes me procurei lá fora
Em busca de minhas próprias respostas
Descobri o sorriso por dentro
O avesso da máscara que é
O que você não quer se tornar
Uma dose de ti, pra variar
Vamos devorar a nós mesmos
Um carnaval ensaiado
Que faz escorrer as lágrimas
As mesmas que se perderam
Nos sorrisos implantados
Os olhares já não se encontram
Na lua que nos deixou
A janela do meu quarto sussurra
Já não quero me perder em seu sopro
Por tantas vezes me procurei lá fora
Mas tudo que sinto é oco

O céu desabou essa noite
O choro cansado se despede das estrelas~~

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Uma dose de alienação, por favor

Ela se foi essa noite. Costumava ficar para um breve chá.
Seu perfume continua impregnado em minha carne, e eu me pergunto quando foi que te perdi de mim mesma.
Minha alma vaga pelos sete cantos do mundo em busca de respostas para as infinitas questões que se instalam no espírito perturbado.
A melodia escolhida guia as palavras que serão sentidas.

- Quer tomar sua dose de alienação hoje, senhor?
- Sim, por favor.
- Tudo bem, aqui está o seu jornal.
- Obrigado.

Acordei de um sonho.
As gaiolas atrapalhavam minhas asas de voar. Berrei num canto sofrido. Deram-me ração. Comi a ração. Deram-me água. Bebi a água. Continuei gritando o desespero de não voar. Perguntaram o que havia de errado comigo. Respondi que também gostaria de saber. Deram-me um jornal para ler. Defequei nele.
Abri os olhos.
O cheiro de café se espalhava pelos cômodos da casa, e me fez flutuar até o líquido que me faz continuar. O segredo da vida está no sabor das cores.
Sentei em minha cadeira de sempre, abri o jornal: Homem se afoga com o próprio vômito.
O conheci na noite passada. Homem de um metro e meio, barba e cabelo da cor do céu quando chove, trajava vestimentas rasgadas e um sorriso sem dente no rosto. Gritava na rua o desespero que sentia em assistir as almas das pessoas sendo sugadas constantemente, sem que ninguém notasse nada. Dizia sobre os planos que estavam sendo elaborados por trás das cortinas. Todos que o ouviam preferiam rir dos seus sapatos sem solas.
Parou ao lado dele, um homem alto, vestido todo de preto, usando um chapéu e fumando um charuto. Ordenou friamente que o homem parasse de dizer o que estava dizendo para as pessoas, ou então tiraria a vida dele sem pensar duas vezes. Disse que esse era o primeiro e último aviso que daria.

- Você sabe do poder das palavras, seu infeliz?, perguntou o homem de preto.
- Sei, sim. E por isso grito para que todos as ouçam., disse o homem barbudo.
- Você está escolhendo morrer?
- Estou escolhendo o que é certo. Prefiro morrer a viver uma vida calado com o medo de me tirarem a alma.
- A escolha é sua.
- Sempre foi.

É fácil enfiar vômito na garganta de quem foi sufocado pelas próprias escolhas. Você pode matar a carne, mas as idéias são eternas, senhor.
Suspeitavam, dizia o jornal, que a morte do homem era um suicídio bem feito.
O homem de preto sorria satisfeito em sua casa.

- Minhas pequenas marionetes.

Rasguei o jornal. E defequei nele.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Até Quando?

- Por que sangras?
- Porque ninguém sorri.
- Eu sorrio.
- Não é o suficiente.

Os espelhos virados ao contrário escondem os segredos do universo. As noites inspiram o pior de mim.
Tentei olhar para você essa noite, mas seus olhos me queimaram com o fogo da sua alma incendiada. Seu sorriso me deixa tonta, e seus dentes me mostram o caminho que eu não deveria seguir. A porta errada é aquela que as noites reservam para mim.
Sua respiração ofegante me faz transpirar, e eu já não consigo lidar com as invenções da sua mente do avesso. As máscaras caem constantemente no desconhecido, e, dentro do espelho, me pergunto quem é você.
O sangue no seu olhar é a resposta para as minhas infinitas questões, e as nuvens me chamam para deitar por um segundo. As noites gritam o desespero de controlar-me.
As cadeiras e as mesas estão viradas de cabeça para baixo, e ando pisando no céu, admirando a terra acima da lua. Aceita um chá essa noite?

- Por que choras?
- Porque ninguém acredita.
- Eu acredito.
- Não é o suficiente.

O planeta gira em torno das almas aleijadas da falta do sentir. Todos forjam as canções de amor. Todos querem um pedaço seu. O que vamos jantar essa noite?

- Por que sentes?
- Porque ninguém enxerga.
- Eu enxergo.
- Ainda não é o suficiente.

O velho clichê se instala na alma que se contorce em suas verdades inventadas. As interrogações controlam os que possuem os mesmos pontos finais. Já não sei viver no seu mundo, já não sei dizer que quero mais.
Todos se despedaçam ao me comer... a carne envenenada nunca há de pertencer. O que vamos vomitar essa noite?

- Por que repetes?
- Porque ninguém compreende.
- Você não compreende.
- É o suficiente.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Empty

I have strange feelings inside my soul
And my cup is empty now
Drink my blood
Like I know you do

Come back to the moon
And smile for the stars
I’m sick of all those people
Saying that we can’t be
What we are

Set the art free
And come back to believe
What you can’t see

Mundo Doente

- Você tem medo.
- Medo?
- É, medo. Medo de olhar nos meus olhos, de colocar a sua boca na minha, de se entregar aos meus braços que te deixa aquecida.
- Isso é ridículo, eu não tenho medo.
- Ah, não?
- Não.
- Então vem aqui.
- O quê?
- Vem aqui onde estou. Dê um passo para frente. Dê um passo.
- Eu...
- Está vendo? Você tem medo, e sente medo porque sabe que gosta de mim. Tem medo do efeito que causo em seu coração, dos arrepios, dos olhares... Você tem medo de gostar.
- (...)
- Medo de sorrir por outro sorriso, de se envergonhar com um sincero elogio, de querer ser protegida, de se sentir segura ao meu lado, do adeus que pode acontecer.
- Eu não gosto de adeus.
- Claro que não gosta. Você sente medo. Medo de se entregar como se entregou no passado e ter o orgulho novamente destruído e triturado em pedaços. Medo de se reencontrar com o tão conhecido abandono, que aprendeu a aceitar desde os seus três anos de idade.
- Eu não gosto do passado.
- Ninguém gosta do passado.
- Eu também não gosto do presente.
- Ninguém gosta do presente também.
- Também não gosto do sol. Ele derrete as memórias que congelei no tempo.
- Eu gosto do sol. Ele aquece as memórias que congelam no tempo.
- Eu não gosto de sentir.
- Eu gosto de te sentir.

O medo não permite sentir
As rosas choram as vidas que se foram
O poeta deixou de escrever os versos
Que lembram você
Nos deram espelhos
E vimos um mundo doente
Tentei chorar
E não consegui.¹


¹RUSSO, Renato. Índios. Legião Urbana.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O Segredo

Ela me contou um segredo essa noite.
Seus cabelos escuros encostaram em meu rosto, que tremeu com o toque gelado. Todos estão mortos enquanto respiram, congelados pelo pacto jurado.
Sinto que a hora se aproxima, e o desespero congela o coração que acredita. Todos vivem as horas, inconscientes do que aceitam sem ver.
“Você precisa voltar de onde veio para chegar onde quer estar”, disse-me ela, baixinho.
As palavras se instalam em meu espírito, que grita sufocado o que ninguém quer saber. Todos seguem as regras, e ninguém sabe viver.
Meus sentimentos dominam minha mente quando os redemoinhos se abrigam em meu ser. Meus olhos enxergam o que ninguém mais quer ver.
As rimas fazem da verdade uma obra de arte, e todos contemplam os sentimentos dos que gritam nas entrelinhas o desespero dos que sabem. A criatividade existe para aqueles que sabem voar.
“Você precisa ir para poder voltar”, ela soprou em meu ouvido.
As fogueiras queimaram minhas mentiras em busca de algum momento de lucidez. Minhas questões se transformam em loucura a cada dia, e meu sono se transporta para o universo desconhecido, criado pelas minhas interrogações.
As palavras ecoam em minha mente, e eu só quero acordar deste sonho constante. Nada do que vê é real, nada que pertence é imortal.
Estou sentindo estranhos sentimentos essa noite. Meus dedos teclam sozinhos o clichê trancafiado em minha alma. Minha boca sorri a leveza dos movimentos, que resultam em mais interrogações. O diagnóstico da loucura é feito para aqueles que sabem sentir.
Já não me sinto como antes, e meu corpo dói por ser o atraso no fluxo. Minha energia é cuspida pelos que controlam o ser. Corto todos os dias os fios que me ligam ao contrário.
Suspiro com um adeus eterno, que surgirá novamente pela manhã.
Ela me contou um segredo essa noite: as xícaras fazem sentido quando estão vazias.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Se você enxergar como eu

Ela se afogou no mar há algum tempo atrás. Seus cabelos presos no ralo do banheiro reforçam a prova do que foi afirmado. Cansada de nadar, suas pernas já não se mexem mais.
Eu poderia explicar a vocês, mas não.
Existem redemoinhos rodando em minha mente, implantados pelos que nos afogam na água do mar. A banheira está me chamando para um banho quente: acho que terei de recusar.
Os peixes nadam em meu sangue. Oh, não me faça cócegas essa noite.
Todos querem um pedaço da carne que acredita.
A vida é apenas uma melodia a ser cantada, que eu canto para espantar a podridão da alma infestada.
Onde está você agora? Oh, não me diga que ela se foi.
As noites levam todos os que sofrem embora.
A vida é apenas uma canção boba se você enxergar como eu.
Feche os olhos e verá como eu vejo.
Estamos apenas eu e você essa noite. Onde está você agora?
Há muito deixei de ser eu para só ser, e brigo todos os dias para viver a canção que todos estão cantando em conjunto.
Por que todos cantam sem som?
O filme em preto e branco enfeita a vida que se leva sem cor.
Existem redemoinhos rodando em minha mente. Enjoei de girar no carrossel.
A vida é uma roda gigante onde tudo gira se você ver como eu.
Faça-me acreditar que a vida sorri para os que cantam as cores.
Oh, para onde vai essa noite?
A lua se escondeu atrás das nuvens, e as nuvens se esconderam no céu.
Seus olhos não enxergam os meus olhos. Seu sorriso já não brilha mais.
Todos cantam a canção sem som.
Minha alma está presa na carne sem melodia.
As cores se foram sem dizer adeus.
Os jornais noticiaram que ela se afogou no mar. Seus cabelos presos no ralo do banheiro são as provas encontradas. Todos dizem “Sim” sem dizer, e todos concordam com o que não aconteceu.
Ela canta a canção que colore a cidade, mas todos estão lendo os jornais em preto e branco, cantando a canção sem som que todos cantam em conjunto.
Existem redemoinhos rodando em minha mente, e a vida é apenas uma canção boba se você enxergar como eu. Feche os olhos, e verá como eu vejo.
As noites levam os que sofrem embora, e todos lêem o jornal, concordando com o que não aconteceu.
Ela saiu do mar aquela noite.

A vida é apenas uma melodia a ser cantada, então porque ninguém está cantando ao meu lado?

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

E Se?

E se o céu fosse uma fantasia?
E o mundo, sempre calado
Não mais, eu não poderia
E se todos fossem as próprias máscaras?
A existência sofre a abstinência
Mentiras tão carentes
Daqueles, apenas sobreviventes
E se eu já não pudesse?
A morte tão distante, ao meu lado
Trazendo o vento que sopra
Para aquele que espera, tão calado

A falta da respiração; O medo da escuridão; A arte que se despediu; O sorriso que não sorriu; As orações perdidas; A espera de outras vidas; As fotografias não tiradas; As peles rasgadas; O perfume que não sentiu; O filho que não pariu; A carruagem quebrada; A maquiagem borrada; A voz que se calou; O amor que se deixou.

O ciclo vicioso
O padrão que se estabeleceu
Vamos fugir, baby?
Um novo mundo, um novo eu.

As nuvens desenharam minha alma
Eu sorri~~

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Tão Só

O luar cria as palavras
Te rouba a inspiração
Deixando-te só
Eu e minha respiração
Todos os dias imagino o que será
Ao dormir, nunca foi
O barulho do ponteiro sempre está
As horas passam em uma mesa de bar

Vamos enlouquecer mais um pouco?
Lembrar o que nunca fomos
As luzes cegam a criação
Para onde foram as estrelas essa noite?
As cores sempre tão fracas
A visão tão manchada
O eterno porre de ser

Abra os seus olhos para abrir os meus olhos
A verdade me guiou até aqui
Mergulhada em minhas fantasias inventadas
Continuo pertencendo onde nunca fui
A visão sempre tão manchada
Oh, você está se perdendo, garota
Volte, vá, jamais fique onde está
Vá, volte.

Os rios que seus olhos choram
Hoje afogam minha alma
A podridão da carne fria
Oh, você está se perdendo, garota
Sol, para onde se foi essa noite?
O coração chora o brilho que se foi
O luar cria as palavras
Me rouba a inspiração
Deixando-me só: eu e minha respiração

sábado, 5 de novembro de 2011

Ao Contrário

A garota dentro do espelho me observa
Cantando as músicas implantadas
Seus olhos arrancados pelo ódio
Ela chora o pacto de não pertencer
Deseja o sangue que escorre da alma
A alma recolhida que hoje sofre ao contrário
O avesso de ser
As máscaras rasgam as entranhas
Dos que apenas desejam voar
As estrelas se esconderam nas nuvens
O céu está nu
Chorando o que não aconteceu
Esperando o que acontecerá
Os sorrisos apagados
Me alertam a sua chegada
O despreparo me enfrenta
Todos os dias sangro por ser
A escolha no infinito
Presa em meu clichê
O grito rasga a alma
Que alerta o eterno adeus do sol
Que se despede sem um beijo
Em seus acenos de não-vá-embora

Fique,
Estamos só nós dois agora: eu e minha utopia

Lembranças Inventadas

Aquele trem levou meu ar junto ao seu
Meu aceno se perdeu nas nuvens
Desenhando as lágrimas que escorrem
Colorindo a matéria em cinzas

Os pássaros continuam na janela
E as canções do sul ecoam no meu coração
Me lembrando o que não acontecerá
O sentimento que corrói as entranhas
Agora se foi
Levando embora o cheiro que me consolava
E me colocava a sonhar

Para onde foi que não vejo?
As árvores estão cortadas
E o sol se põe todos os dias
Me deixando aqui, só
Inventando minhas lembranças

As estrelas brilharam essa noite~~

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Só Você

Seus olhos me roubaram de mim, e eu já não consigo seguir em frente sem saber o que poderia ter acontecido. Minha boca tão carente da sua, desejante, oh, suplicante dos seus beijos molhados que me afogam em você.
Você me calou em seus abraços naquela noite congelante, e ainda posso sentir o seu toque dentro da minha blusa amarrotada. Seus dedos afastam o encaracolado de meus cabelos do rosto, sua boca me sorri um riso doce, como quem implora para ser sugado, sentido. Estamos tão sozinhos essa noite: somos apenas eu, você e a lua que nos observa calada.
Você e esse seu cabelo ridiculamente bem cortado, e as suas roupas sempre tão impecavelmente bem escolhidas, e esse seu olhar cafajeste que me corta as entranhas, essas músicas insuportáveis que tocam no seu aparelho de som, e toda essa sua carne que não se deixa pertencer. Você é tudo que eu desprezo e odeio dentro de um só ser - é tudo que eu quero ter.
Há muito tempo eu só sinto se for com você, e só gosto se é do seu lado. Estou queimando com essa paixão tão descontroladamente controlada dentro de mim, fugindo da realidade que me enlouquece a cada noite que me lembro dos seus olhares que me tiram o fôlego e a vontade de estar aqui, deitada, sozinha e sem você. Essas lembranças tão vivas que se passam como um filme antigo e sempre tão contemporâneo, controlando os meus sentidos e a direção que rumarei nessa semana.

Ah, esses seus olhos castanhos - tão insuportavelmente penetrantes - que me fazem procurar em outros olhos os brilhos dos seus quando me vê, e agora, sentada em minha cadeira e tomando uma xícara de chá, me pergunto incessantemente o que é que estou fazendo esse tempo todo aqui, sozinha, e sem você?

Meu coração permitiu te sentir, e o seu rosto do avesso me fez encolher. Meus sentimentos se perderam, e hoje me resta ser o que me tornei: apenas uma versão mais fria de mim mesma. Vocês todos sabem disso: sou uma Barbie com um coração de plástico.

Caetano me revela: Porque és o avesso, do avesso, do avesso, do avesso...

Desencontros Inventados

Oh, eu já não sei o que dizer
Minhas palavras sempre tão repetidas
Em busca de novos sentidos
Para fazer algum sentido
Há muito sonho uma nova carne
Com novas canções de amor
Ah, se você soubesse
Todos se escondem nas entrelinhas
Para não ter de ser
Todos querem um pedaço meu
Nesses desencontros inventados

O nosso sentimento é uma mentira
Construída para governar
Já nem sei o que é certo ou errado
Já nem sei o que é amar
E de tanto que escrevo
Me perco nas próprias palavras
Mudo a direção que quero ir
Nado contra a maré violenta
Apenas para sangrar a verdade
Por que, meu bem, só suas feridas são reais

Todos os dias acordo pensando
"Será que hoje sou eu?"
E me arrepio só de lembrar
O que não aconteceu
Você finge, mente que não pertenceu
Agora me fui, quem não quer mais sou eu
Corto os fios que me ligam a você
Frequentando esse mundo imundo
Nos sete cantos me encontro
Sussurrando baixinho alguma canção
E o vento leva as respostas
E eu fico aqui, sozinha
No meio de toda essa repetição

No meio de toda essa repetição...

Eu Te Quero Mesmo Assim

Ah, se eu revelasse o que andei procurando nos sete mares
Perdida
Tentando encontrar sentido para essa louca vida
E seus olhos refletiram em mim
Você me veio
Cheio de segredos
Sussurrados ao pé do ouvido
Nunca mais me deixe aqui
Abra a porta
Ou a janela, baby
Que eu te quero mesmo assim

E toda a melodia do mundo
Já não me consola mais
Por isso eu te inventei, baby
Nesse jogo de amor imundo
E eu já disse que não vou estar lá
Te esperando
Quando você voltar
E da janela os seus olhos refletiram em mim
Volta, baby
Que eu te quero mesmo assim
Que eu te quero só pra mim
Que eu te quero mesmo assim
Que eu te quero só sem fim

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sinta Mais

As esquinas escondem os pactos feitos pelas almas dos que sofrem por não pertencer. A liberdade se escondeu atrás das grades da grande gaiola disfarçada. A verdade está exposta nas entrelinhas dos que gritam a dor do saber. A arte sofre a abstinência de deixar de ser.
Minha alma deixou a carne para flutuar no doce sono da vida.
Não tente me entender: a verdade está no sentir.

O DESESPERO DE GRITAR CORRÓI AS MINHAS ENTRANHAS
Dói todos os dias.

Me sinta, tritura, engole.
A eterna bulimia dos que seguem o gado inteiro.

Pare o relógio: as moscas se devoram no canibalismo ensaiado.

Novos Ares

As manhãs se despedem do que não aconteceu
Os pássaros cantam a canção do vento que levou o que nunca pertenceu.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

De Volta ao Eu

E em meio a todo o caos, a paz se encontra sorrindo do outro lado da esquina. As estrelas brilham o caminho da verdade, e eu sigo a noite que me encontra numa elaborada projeção astral. Quero gritar nas palavras - minha alma sedenta de liberdade faz a mente girar. Gire comigo como numa roda-gigante: o segredo da vida pertence a todas as línguas. Feche os olhos, e se alimente do que vê onde não há nada além de tudo, e além de você. Respire, e seja bem-vindo de volta ao seu Eu. O futuro retorna ao que nunca foi~~

domingo, 18 de setembro de 2011

A Realidade

(O texto a seguir foi escrito em plenos 17 anos, e foi postado em meu antigo blog, há 3 anos atrás. Vou postá-lo aqui para que não o perca. Ignore a ingenuidade de certas palavras).
----------------------------------------------------------------------------------------------------

O armário, grande e escuro, me chamou a atenção. Desconfigurada que sou, entrei dentro dele.
Olhei para os lados e não vi nada que o diferenciasse de um armário comum. Mas então, cuspindo meu ectoplasma, ouvi uma voz que dizia "Veja além".

Segundo a ciência, meus batimentos cardíacos deveriam se acelerar. Mas do contrário, meu coração parou.
"Viagem astral apodrece a carne", pensei.

Seguindo o sussurro, compreendi.
"Espera aí! Essa porta não estava do outro lado?"
A voz se calou.

Sem pulsamentos, comecei a ofegar. Seria isso possível?
Imagens se passavam rapidamente em minha mente, como mensagens subliminares.
Estava tudo tão de trás para frente.

Um espelho. Me vi.
"Ei, minha pinta não é do lado esquerdo?"
Isso já está ficando muito esquisito.

Apnéia. Abri os olhos, sufocada.
Toquei em meu piercing. Ele estava exatamente no lugar em que deveria estar: no lado esquerdo.

Fechei os olhos e lá estava eu dentro do armário novamente.
Cansei. Abri a porta. Saí do armário.
Estava dentro do armário de novo.
Abri a porta e saí do armário mais uma vez.
Estava dentro do armário. De novo.

"Estou ficando louca?"

O despertador tocou. Meus olhos já estavam abertos.
Olhei para os lados e percebi que estava dentro de um... Armário.

Ah. Entendi.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

As Entrelinhas

Eu já não sei te deixar, e o futuro acontece todos os dias no passado. Já não me importo com os sorrisos forçados, e o vento sussurra a mentira em minha janela fechada.
Abra a janela, e deixe entrar.
Vá embora.

Me assista queimar na fogueira da sua consciência. O contrário se escreve com o puro sangue daqueles que a verdade libertou. A cova dos que sempre serão, sepultados na terra que se aduba coloquialmente pelos espinhos das rosas.

O veneno desce docemente nas entranhas dos que sangram. A mentira gira como a roda-gigante, e o grito do silêncio movimenta os que ainda hão de ser.

Se as palavras fossem inventadas, a arte diria adeus.
O medo dos que seguem em frente.
A busca dos que caçam a mente.

A arte diria adeus, se as palavras fossem inventadas.
As entrelinhas brilham como o sol que clareia a noite sombria.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Ela Jurou

Sufocada por esse instantâneo sentimento
Quem sou eu para duvidar?
Os caminhos também se multiplicam assim
As longas estradas cuspidas em mim
As flores choram estúpidas escolhas
Colhendo o sol que nasce da terra
Engolindo o espinho que sofre a dúvida
Os pontos não se diferem mais
As mesmas respostas para o jovem rapaz
O beco sem saída tem fim
Quem há de duvidar de mim?
As rimas prontas para acusar
A arte que se faz sem amar

Ela jurou
A palavra preferida da eterna contradição
O paradoxo dos que se foram e ainda estão
Oh, ela jurou que não

Gira, gira, gira
A roda feita para exaltar
Os cabelos se entrelaçam
Nesse laço desfeito
Que faz o espírito gritar
Memórias corrompidas
Sorrisos quebrados
Lembranças produzidas
Pecados, pecados

O fogo traduz o silêncio
Dos que ardem sem queimar
Dos que calam ao falar
Dos que vivem sem amar

O céu respira mais uma vez
A verdade se transforma
A mentira sorriu novamente
A palavra preferida da eterna contradição
O paradoxo dos que se foram e ainda estão

Ela jurou
Oh, ela jurou que não

Rápido Desabafo

E o coração fala por intervenção divina. Não procure sem sentir, as respostas esperam pelo eterno amanhã. Oh, se ao menos pudesse dizer o que sei, o sol poderia se despedir das frias manhãs inventadas. Se ao menos pudesse...

Há muito não grito a alma que corrói os segundos falsamente calculados.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Uma Eterna Canção

Deixe o espírito respirar, e a alma dizer adeus. Os anjos choram as asas cortadas, as flores morrem de solidão. E naquela esquina se encontra a paz: caídos no chão, sorrindo para o céu. As estrelas brilham uma eterna canção.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A Arte Implora

O vento sussurrou em meu ouvido
A cegueira não me deixou ouvir
A ligação eterna entre tudo e todos
O barro de nossos corpos
As almas podres infestadas
As mentes pulsantes manipuladas
E há tanto não mudo o repertório
Do coração que sofre a abstinência
De pertencer onde não pertence
De existir onde não há existência
O surto dos que vivem morrendo
Sangrando por não mais ser
Os olhos imploram por ajuda
As imagens imploram por seguidores
A carne implora por adubo
A arte implora por liberdade
O céu esqueceu de se despedir
A pressa de simplesmente querer ir
Admirando o papel que tira a vida
Rasgue enquanto há saída
Sofra o pacto de se vender
Liberte-se das emoções implantadas
Apenas viva o seu ser
O espírito preso às assinaturas
Há espera das escrituras
O sol se vai mais uma vez
A lua sempre está
A música que não tocou
O quadro que não se pintou
As nuvens se entregam: a arte implora por liberdade

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

LIBEREM A CONSCIÊNCIA

A quem eu estava tentando enganar?
As máscaras implantadas estão derretendo
O mundo ao contrário de cabeça pra baixo
Os espelhos quebrados em sete pedaços
A missão de estar em maioria
Já não quero pertencer
Já não quero ter de ver
Eu deveria estar calada
Mas programados também se rebelam
As árvores deixaram de respirar
As flores choram a extinção
Eu quero poder gritar
E em uníssono dizer NÃO
E em um pedido sincero
Eu sangraria: LIBEREM A CONSCIÊNCIA
A pureza se suja em minhas entranhas
A maldição de ser e estar
O coração parou de pulsar
A arte deixou de amar
Perdida na multidão
Sangro sozinha por não pertencer
A verdade sai da alma gritante
E em meio às palavras cuspidas
O terrível ato falho se faz
E ao pensar alma, se fez máquina
Ainda marionete dos fios invisíveis
Por meio de falsas emoções
Corte a ligação - as estrelas dizem adeus

domingo, 7 de agosto de 2011

Eu Não Disse Adeus

O espelho denuncia
Minha alma derretendo
Começo por onde não terminou
As palavras fogem do coração
E eu não disse adeus
O vento soprou
Em direção aos que aqui estão
Já não sei fazer parte
E já nem sei por onde começar
Presa à minha reputação
Quebrada em pedaços
Substâncias transformadas
E eu não disse adeus
O rosto escorrendo
A vergonha de se vender
Me dispo da matéria
Descalça me reconheço
Nada.
Já nem sei dizer
Não me espere
As flores sorriem diferente
O jardim disfarçado
Gravações felizes
A grande farsa
E eu não disse adeus
A alma quer explodir os restos
E eu já nem sei o que sou
E as máscaras se multiplicam
O espírito implora
E eu não disse adeus

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Not Just a Cup Of Coffee

I need a cup of coffee
And then we should talk
All the things
That I can't say
Because, baby
I'm not what I used to be
And my mask hurts my heart
Because, baby
I don't even know
What I am now

The sun is not here anymore
And I'm not coming home tonight
Because, baby
I don't even know
Who I am now

Your smile makes me sick
And this cup of coffee is not
What I used to drink
Because, baby
You make me sick

My soul is not here anymore
And my heart is coming out
Can you see what am I now?
I'm not yours anymore
Because, baby

This cup of coffee is not
What I used to take
In my heart

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Já nem sei

As folhas no chão me fazem lembrar
Você flutuando no meu céu
E eu já não sei dizer
Se é real ou não
As suas confusões dentro de minha mente
As incógnitas que se escondem
Minhas mãos estão erguidas
Para onde você está
Essa dor platônica me faz sentir
Os velhos tempos voltaram
E eu só quero seu olhar agora
Meus pensamentos sorriem
Ao lembrar do seu sorriso
É como se apaixonar pela lua
Que só se toca ao dormir
E já nem sei o que é certo
Nesse mundo do impossível
O seu ônibus está sempre partindo
E eu só quero que você fique
E eu quero tocar você novamente
Com os olhos abertos

As xícaras vazias espalhadas
Os relógios ao contrário
Os espelhos quebrados
Já nem sei o que é real
E já nem sei se é certo

As folhas no chão me fazem lembrar
Você flutuando no meu céu
E eu já não sei dizer
Se é real ou não

É como se apaixonar pela lua
Que só se toca ao dormir...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A Eterna Contradição

Seu sorriso transformou as nuvens, e agora elas se vão na mesma direção.
Deitada na grama ao seu lado, o céu está limpo novamente. As estrelas se esconderam em seus olhos. Como brilham os seus olhos.
E eu sei que a música é o que nos resta, porque toda vez que te vejo, meus olhos cantam o quanto quero olhar pra você. E o seu violão não sai dos meus pensamentos, e aquilo que não aconteceu não sai do meu coração. Já nem sei mais se devo, ou se não.
Te uso por inspiração, porque, querido, você é o meu raio de sol quando as nuvens não me deixam sentir.
E a gramática já não tem importância quando tudo que quero é te fazer sentir como eu sinto. E os espinhos das rosas me fazem sorrir, porque, querido, nós somos a eterna contradição do que é belo.

Tire esses óculos, porque, querido, as estrelas se esconderam em seus olhos. Como brilham os seus olhos...

As flores murchas; as folhas no chão; as paredes descascadas; o colchão no piso; a respiração sufocada; a maquiagem borrada; as meias furadas; as luzes que cegam; as lágrimas caindo; o sangue escorrendo; eu; você; porque, querido, nós somos a eterna contradição do que é belo.

sábado, 28 de maio de 2011

A Busca

As pinturas estão sorrindo
As paredes derretendo
Eu não vejo você agora
Não escolhi
Apenas segui
Já não sei fazer sentido
As falas possuem Eus
No plural me encontro
Dentro de meus devaneios
A camisa de força
Da minha própria mente
Corações vazios
A procura da metade
O outro não existe
Só se é completo no ar
Desencontros do meu Eu
Na eterna busca por mim mesma
Só quero ser
Apenas ser
Só ser
Mas as pinturas estão sorrindo
E as paredes estão derretendo
Onde está você agora?

Olhe para o céu
As estrelas estão chorando

Aqui está você
Desencontros do meu Eu
Na eterna busca por mim mesma
Onde está você agora?

Deixe Estar

Beatles se espalha pelo cômodo
Preenche o que já se foi
Corações partidos
Mentes equivocadas
Dúvidas certas
Deixe estar

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Quem Espera?

Deitados na rede imaginária
A lua sorriu
Sua luz feriu
O que já não existia mais
Seu destino
Tecido por aranhas
O veneno penetra minhas entranhas
Almas corrompidas
Pelo cordão que as envolve
Mentes cuspidas
Pelo arbítrio que sofre
Consequências implantadas
Teorias inventadas
Selfs reduzidos em nada
Sorrisos encantados
Olhares penetrados
Corpos flutuando
Egos se negando
Seguindo a mesma melodia
Daqueles que não sentem
Emoções destruídas
Personalidades feridas
E em um grito acordará
Quem espera
O sol sorriu
Sua luz feriu
O ponteiro que não existe
Dos números inventados
De trás pra frente
O mundo dos espelhos
O reflexo alterado
Sociedades transformadas
E em um grito ao contrário
Quem espera?

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Queria Eu

Queria eu, ter o dom de escrever quem sou.
Só sei que sou, e sou.

Minha mente não para.
Meu coração, pela velocidade que pulsa, sente dor.

Não sei sentir como deveria.
Não sei dizer como gostaria.

Me expresso em um labirinto de palavras, me perdendo de mim mesma.
Em Allan Poe, Fernando Pessoa e Lispector, me achei.

As pausas me encantam, o mistério me fascina.
Sou mulher e sou menina.

Deste mundo não pertenço, não encontro o meu lugar.
Me estudo, mas não sei acreditar.

Em mim, tento achar sentido; mas a certeza de que vim para confundir me domina.
Freud, me explica?

É.
Queria eu, ter o dom de saber quem sou.



P.S.: Escrevi esse texto há 2 anos atrás

terça-feira, 3 de maio de 2011

Necessário


O blog é apenas para que eu possa desabafar por meio de entrelinhas.
Pense, pense, pense. Duvide.
As palavras engasgadas não são ditas à toa. O vento leva com facilidade apenas o que pode ser levado.
Não aplauda o que não entende, o que estão aplaudindo com fervor. Não admire apenas, mas sinta e se deixe sentir.
Chega de deixar as cordas te conduzirem para onde querem que vá. Chega de acreditar falsamente que é livre. Você pensa em agir, em mudar, e o ponteiro do relógio continua fazendo tique-taques.
O tempo não é infinito. O tempo é aqui, e agora. O fim te espera ansiosamente.
E então, seguirá com as mãos nos olhos? O destino não é feito de coicidências.
Pense, pense, pense. Duvide.


P.S.: nunca pensei em usar essa página para falar de maneira direta e pessoal. Mas sinto a necessidade de implantar urgentemente as interrogações nesse mundo farto de pontos finais. Nem tudo escrito é hobbie.

Quem é você?

A perfeição de um compasso
Ditando a grande metáfora
Do eterno ciclo vicioso
Dizem que é evolução
Mas só enxergo animais
Estão devorando suas entranhas
Ouço o seu grito de prazer
Eu quero mais
A dor satisfaz
Do outro lado do espelho
Você sorri
Está ao contrário
Programado pelas máquinas
Repete o que vê
Não mais se lê
Quem dita é a TV
Quem é você?
A infância sumiu
Tragados no ar
É fácil quando ainda se é
Os olhos estão girando
Uma espiral envolve
A sublime hipnose
Onde se escondeu?
Tudo que vejo são xerox
Robôs ambulantes
Donos da eterna mentira
Da verdade que são
Não se é sem ser
Não se é sem saber
Vomite-se
Procure-se
O eterno pique-esconde de si mesmo
Corra para não ser pego
Do controle descontrolado
Implantado em sua garganta
Os mortos estão morrendo
Acreditando em sua vida
A realidade implantada
Os desejos ensaiados
O começo de um fim
Bem-vindo
A Nova Era te espera
Quem de fato é você?
Que em tudo crê
Que nada vê
Que se atrofia quando lê
E que apenas segue
O que te dizem para ser
Afinal, quem é você?

segunda-feira, 28 de março de 2011

Não

Derramada em meu clichê sombrio
Nessa alma borrada de cuspe
A placenta está colada
O grito sufocado pelo silêncio da dor
Há muito tento ser poética
Apenas para não dizer
Que direção seguir num mundo de cegos?
Estou apalpando a direção
Me dê a sua mão
Me leve para longe
Me siga
Só se ajoelham por cargos maiores
Os velhos rituais contínuos
Só enquanto for necessário
Qual o número de sacrifícios?
O círculo está completo
O céu escureceu novamente
Até onde vão os raios de sol?
Ele disse "oi" para o mundo
E todos ajoelham
Contemplam a carne e o sangue
Os olhos perseguem
Mate os que não seguem
Eu disse "não"
Nem a fronte
Nem a alma
Nem o pulso
Eu disse "não"
Nem a dor
Nem o amor
Nem o fim
Me dê a mão
Me leva
Me cega
Me salva

Os olhos perseguem
Mate os que não seguem

Eu disse "não"

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Entrelinhas Para Você

Há muito quero lhe dizer
O que minha boca não deixa escapar
Sinto por deixar a espontaneidade de lado
Mas ao menos posso lhe escrever
Lhe mostrar o quanto eu sinto
O quanto eu sinto por você
E de tantas palavras belas
Essas não se completam por ele

Há pouco pensava que lhe causava sorrisos
Arrancaram minhas máscaras à força
Sangrei até não restar mais alma
Arranquei meus olhos para não ter
Não ter de ver você
Enchi meu coração de interrogações
De medo
Do medo que preenchia meus póros
Do medo de nunca mais te pertencer

Procurei a vida inteira por respostas
E foi despida que as encontrei
Em meio a fragilidade humana pude reconhecer
Desmascarada não tive de me esconder
De tão infestada de mundo
Deixei de ser eu para só ser

Lhe escrevo em meu desfarce de falso poeta
Me abro em minhas rimas fingidas
Tudo para esconder de todos
O que só quem deve entender é você
E ouvindo a nossa música
Sinto que lhe devo minhas palavras
E escancarrar minha alma
Para mostrar o sangue que escorre
Por partir seu coração
Sei que me deu seu perdão
Mas eu ainda não
Eu ao contrário fui mostrada
Não pertenço mais ao outro lado do espelho
Faço meu desejo assoprando as velas
E me despir agora é minha decisão
Para que você possa ver
O que de fato eu sinto por você
E em meio às suas interrogações
Lhe dou o ponto final
É claro que senti falta de você

Te Amo.

(Para você, é claro)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Nas Entrelinhas

Me perco olhando dentro de seus olhos. Sua pupila esconde segredos que estão ocultos em minha alma.
Me mostre o que sabe, me deixe entrar pelos seus póros e sugar o que ninguém deveria entender. Eu quero estar por dentro do que não se pode ver, estar por dentro de você.
Já não sei o que procuro, mas continuo firme em minha busca. Minhas respostas foram sussurradas pelo vento, e ainda refrescam minhas entranhas.
Disfarço com ficção a autobiografia. Todos aplaudem a criatividade fingida.
O gosto amargo do desespero se instala permanentemente em minha garganta.
Há muito quero gritar o alívio de saber, e a agonia de ser única. Há tanto tenho permissão para falar apenas na escuridão, cuspindo o que se considera esquizofrenia. Todos tão sábios de si, vazios do que de fato são.
Fiz meu juramento de sangue ao tentar vender-me ao mundo. A ingenuidade permitiu que seguisse caminhos escondidos nas sombras. Sonhei o que era real, vivi quando estava dormindo. Acordei quando estrangularam minha mente numa tentativa frustrante de me fazer dormir eternamente por mim mesma.
Não confunda verdades com metáforas poéticas. Não finja que existem outras interpretações para a direção que decidi rumar. Não diga que me sufoquei alegando livre arbítrio. E não minta que nasci para seguir.
Cortei o cordão antes de aprender a dar nós.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A Grande Minoria

Há pouco que espero
Dois mil anos se passaram
Eu ainda estou aqui
O tempo não existe
O ponteiro do relógio anda ao contrário

As visões te tomam de mim
Forço para o grito sair
A terra em minhas unhas denunciam por onde andei
Esperando pelo grande dia chegar

A batalha continua
Eu sinto o que não quero enxergar
A verdade se transformou
A mentira te congelou

Tenho as entrelinhas para me entregar
Ninguém te dirá o que sei
Me devora...
O mundo sussurra meu nome
É carne
É sangue
Por hoje não fecho meus olhos

Minhas mãos se unem
As marcas no joelho me confessam
Te quero em mim
A podridão não me impede de pertencer
A excessão sou eu
A grande minoria
144.000 eu sou

Quem é você que não sabe ser?
Te guiam por cordões
Em transe só se diz "Sim"
O oco te tira a alma
Te faz refém de sua própria cegueira
Quem é você que só sabe crer?
O mundo é quem te diz
Sim

Por hoje não fecho meus olhos
Espero por você
Em transe só se diz "Sim"
Abra a porta
A hora é agora

Sim...

domingo, 23 de janeiro de 2011

O Veneno

Aqui estamos nós
Olhe nos meus olhos e sinta o medo de não acreditar
As rosas estão sangrando, penduradas ao contrário
O espinho me corta o dedo e faz o sangue jorrar no cálice da vida que ainda está por vir
Acenda as velas
Me beba
Me suga
Morra
Por capítulos a história continua sendo escrita
Branco. Preto. Vermelho.
Até onde vai o fim?
Meus olhos não acompanham a direção dos seus olhos
Minha alma já pertence
Deitada no jardim consigo olhar o sol sorrindo para mim
Queimando...
O céu sorriu em mim
Presa na teia a qual me encontrava, sufocada por meus próprios delírios
Eu sorri de volta

Minhas veias não são a salvação
Não pertencem
Sufocam
Eu sou o veneno dentro de suas entranhas

E o céu sorriu em mim
Ao acordar de uma batalha
Eu sorri de volta

Até onde vai o fim?

domingo, 2 de janeiro de 2011

A Dor da Arte

Tentando me encontrar dia após dia
Vivo me desencontrando
Sempre repetindo o que já está padronizado
Tudo decidido
Tudo julgado
Nunca por mim
Nunca por você

Quero rasgar minhas entranhas
Me fazer sofrer
O sofrimento que te leva para longe de mim
Longe do sacrifício de me olhar
De te olhar

Meu coração quer gritar o desespero de pertencer
No dedo anelar as lágrimas encantam
O vazio continua a preencher

Te uso por inspiração
Te quero por inteiro
Minha maior humilhação
Me entrego só pelo meio

Da tragédia faço arte
E assim vou vivendo
Nessa minha carne humana
Infestada desse mundão
E faço da dor
Meu pão