segunda-feira, 28 de março de 2011

Não

Derramada em meu clichê sombrio
Nessa alma borrada de cuspe
A placenta está colada
O grito sufocado pelo silêncio da dor
Há muito tento ser poética
Apenas para não dizer
Que direção seguir num mundo de cegos?
Estou apalpando a direção
Me dê a sua mão
Me leve para longe
Me siga
Só se ajoelham por cargos maiores
Os velhos rituais contínuos
Só enquanto for necessário
Qual o número de sacrifícios?
O círculo está completo
O céu escureceu novamente
Até onde vão os raios de sol?
Ele disse "oi" para o mundo
E todos ajoelham
Contemplam a carne e o sangue
Os olhos perseguem
Mate os que não seguem
Eu disse "não"
Nem a fronte
Nem a alma
Nem o pulso
Eu disse "não"
Nem a dor
Nem o amor
Nem o fim
Me dê a mão
Me leva
Me cega
Me salva

Os olhos perseguem
Mate os que não seguem

Eu disse "não"