quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Só Você

Seus olhos me roubaram de mim, e eu já não consigo seguir em frente sem saber o que poderia ter acontecido. Minha boca tão carente da sua, desejante, oh, suplicante dos seus beijos molhados que me afogam em você.
Você me calou em seus abraços naquela noite congelante, e ainda posso sentir o seu toque dentro da minha blusa amarrotada. Seus dedos afastam o encaracolado de meus cabelos do rosto, sua boca me sorri um riso doce, como quem implora para ser sugado, sentido. Estamos tão sozinhos essa noite: somos apenas eu, você e a lua que nos observa calada.
Você e esse seu cabelo ridiculamente bem cortado, e as suas roupas sempre tão impecavelmente bem escolhidas, e esse seu olhar cafajeste que me corta as entranhas, essas músicas insuportáveis que tocam no seu aparelho de som, e toda essa sua carne que não se deixa pertencer. Você é tudo que eu desprezo e odeio dentro de um só ser - é tudo que eu quero ter.
Há muito tempo eu só sinto se for com você, e só gosto se é do seu lado. Estou queimando com essa paixão tão descontroladamente controlada dentro de mim, fugindo da realidade que me enlouquece a cada noite que me lembro dos seus olhares que me tiram o fôlego e a vontade de estar aqui, deitada, sozinha e sem você. Essas lembranças tão vivas que se passam como um filme antigo e sempre tão contemporâneo, controlando os meus sentidos e a direção que rumarei nessa semana.

Ah, esses seus olhos castanhos - tão insuportavelmente penetrantes - que me fazem procurar em outros olhos os brilhos dos seus quando me vê, e agora, sentada em minha cadeira e tomando uma xícara de chá, me pergunto incessantemente o que é que estou fazendo esse tempo todo aqui, sozinha, e sem você?

Meu coração permitiu te sentir, e o seu rosto do avesso me fez encolher. Meus sentimentos se perderam, e hoje me resta ser o que me tornei: apenas uma versão mais fria de mim mesma. Vocês todos sabem disso: sou uma Barbie com um coração de plástico.

Caetano me revela: Porque és o avesso, do avesso, do avesso, do avesso...

Desencontros Inventados

Oh, eu já não sei o que dizer
Minhas palavras sempre tão repetidas
Em busca de novos sentidos
Para fazer algum sentido
Há muito sonho uma nova carne
Com novas canções de amor
Ah, se você soubesse
Todos se escondem nas entrelinhas
Para não ter de ser
Todos querem um pedaço meu
Nesses desencontros inventados

O nosso sentimento é uma mentira
Construída para governar
Já nem sei o que é certo ou errado
Já nem sei o que é amar
E de tanto que escrevo
Me perco nas próprias palavras
Mudo a direção que quero ir
Nado contra a maré violenta
Apenas para sangrar a verdade
Por que, meu bem, só suas feridas são reais

Todos os dias acordo pensando
"Será que hoje sou eu?"
E me arrepio só de lembrar
O que não aconteceu
Você finge, mente que não pertenceu
Agora me fui, quem não quer mais sou eu
Corto os fios que me ligam a você
Frequentando esse mundo imundo
Nos sete cantos me encontro
Sussurrando baixinho alguma canção
E o vento leva as respostas
E eu fico aqui, sozinha
No meio de toda essa repetição

No meio de toda essa repetição...

Eu Te Quero Mesmo Assim

Ah, se eu revelasse o que andei procurando nos sete mares
Perdida
Tentando encontrar sentido para essa louca vida
E seus olhos refletiram em mim
Você me veio
Cheio de segredos
Sussurrados ao pé do ouvido
Nunca mais me deixe aqui
Abra a porta
Ou a janela, baby
Que eu te quero mesmo assim

E toda a melodia do mundo
Já não me consola mais
Por isso eu te inventei, baby
Nesse jogo de amor imundo
E eu já disse que não vou estar lá
Te esperando
Quando você voltar
E da janela os seus olhos refletiram em mim
Volta, baby
Que eu te quero mesmo assim
Que eu te quero só pra mim
Que eu te quero mesmo assim
Que eu te quero só sem fim

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sinta Mais

As esquinas escondem os pactos feitos pelas almas dos que sofrem por não pertencer. A liberdade se escondeu atrás das grades da grande gaiola disfarçada. A verdade está exposta nas entrelinhas dos que gritam a dor do saber. A arte sofre a abstinência de deixar de ser.
Minha alma deixou a carne para flutuar no doce sono da vida.
Não tente me entender: a verdade está no sentir.

O DESESPERO DE GRITAR CORRÓI AS MINHAS ENTRANHAS
Dói todos os dias.

Me sinta, tritura, engole.
A eterna bulimia dos que seguem o gado inteiro.

Pare o relógio: as moscas se devoram no canibalismo ensaiado.

Novos Ares

As manhãs se despedem do que não aconteceu
Os pássaros cantam a canção do vento que levou o que nunca pertenceu.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

De Volta ao Eu

E em meio a todo o caos, a paz se encontra sorrindo do outro lado da esquina. As estrelas brilham o caminho da verdade, e eu sigo a noite que me encontra numa elaborada projeção astral. Quero gritar nas palavras - minha alma sedenta de liberdade faz a mente girar. Gire comigo como numa roda-gigante: o segredo da vida pertence a todas as línguas. Feche os olhos, e se alimente do que vê onde não há nada além de tudo, e além de você. Respire, e seja bem-vindo de volta ao seu Eu. O futuro retorna ao que nunca foi~~