domingo, 2 de dezembro de 2012

Partida

Você tem medo, ele afirmou. Respondi que não – sempre em contrapartida. Contra-partindo, partindo e re-partindo. Pedaços do espelho refletindo as consequências. 
Adeus, ele disse. Fique? – eu não questionei.
Só faz sentir quem sente: escrever é despir-se das máscaras; expor as identificações; fazer-se ser; ser que se é, e é. E sou, e sigo sendo como posso ser, sendo, e é...

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Sertão


Eu quero a vida do sertão
Paz, amor e empatia
Talvez um pé de limão
E um “tiquim” de bohemia
Quero dançar bem grudado
Suado, calado
Ao som da poesia
À luz da vela da lua cheia
Na paixão que hoje ardia
Quero marcar no seu pescoço
O meu batom
Ofegar no seu compasso
A respirar o único som
Pintar minha boca na sua
Pulsar a nossa canção
Ah, eu quero a vida do sertão...

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Um Brinde

Penso pensando em pensar. Não mostro, não mordo, arranho e olhe lá. Rasga esse peito que sente sem querer, e arde até doer. Borra a pintura fresca que te devora as emoções, escorrendo feito a chuva que chove dos meus olhos. Molha, derrama, escorre. Só se é quando não é mais. À vida ao contrário, brindemos. Um drink a mais, um olhar a menos: cadê eu e cadê você?

Sem Permissão

...e não imagina o que acontece quando as luzes se apagam, e, enfim, vou embora. É a última... não, não, foi a última. A última de todas as últimas anteriores. Escrevi pra você. É, pra você. Como sempre escrevo fingindo ficção. É o coração que pulsa assim, sem permissão. E é essa conversa inventada que ainda assim só diz não. Não...

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Ao lado meu, por favor

...e é quando você para pra pensar um pouco nessa vida alheia, e se percebe ser humano diante de todos os artifícios entregues na bandeja. Ainda em busca de tal evolução, de tal naturalidade, nessa carne escassa de razão e transbordante de desejos, de encantos. O coração bate forte numa tentativa frustrante de querer se sobressair, mas se depara com o que está ao seu lado: um sorriso - a igualdade. Viajante confessada desse mundão, aliada num só ser a razão e coração - pura fantasia dos que, assim como eu - oras, e por que não? - voam.


O sonho despertou o que há um tempo dormia dentro de mim, como monstros que rasgam as entranhas em busca de alguma saída inventada. Já não sei o que digo, embriagada de estranha epifania, só consigo chamar-te a me acompanhar...

terça-feira, 3 de julho de 2012

Almas Distorcidas

A música triste condiciona meu peito, que, num grito de desespero, escreve fixamente a dor escrita por outros também embalados por outras tristes canções. O ciclo vicioso dos que ainda temem alguma forma de salvação.
Se deixe levar pelas sensações que se impregnam como tatuagens feitas no conceito da eternidade, que fixam a lembrança consciente, auto-modificada para se satisfazer perante suas lágrimas sublimadas pelos dentes à mostra – sorrisos.
O mundo sorri ao contrário, em reflexos sociais que se estabelecem no invisível, reproduzindo o que se foi ensinado: o avesso, do avesso. As pedras que choram sozinhas continuam no mesmo lugar, e, abaixo do mesmo sol e da mesma lua, se afirma a mudança de um novo mundo velho. A nova Era que não envelheceu; Se revela mudança o que ainda é, foi e há de ser.
Almas distorcidas, visões embaçadas. Vamos pedir piedade, Senhor, piedade pra essa gente careta e covarde. A arte dá a luz, interrogações impostas num desespero constante de se fazer pensar. Já não se sabe, e já não sei se sei...


Vem comigo, depois te explico.

Almas e Maçãs


Olhem só para ela, presa dentro do espelho, seus olhos do avesso gritam silenciosamente o desespero de pertencer. Sem que ninguém a toque, seu corpo se contorce em um movimento de dor: depressão é a doença do século. Diagnósticos anotados em suas cadernetas, em quatro paredes nada se diz. O sangue escorre do seu pulso em tentativas frustrantes de se fazer sonhar, e o vento ecoa o silêncio de quem se cala. Cacos de vidro espalhados pelo chão. Limpe essa sujeira. Ecoa o mundo em silêncio, cantando em uníssono a mesma canção.
Me cansei dos parágrafos e das pausas. O que há de se pontuar diante da desesperança vomitada numa tentativa constante de continuar? O céu chove o choro dos que dançam sem par. Chove chuva, chove sem parar.
Viagem no tempo. Nada é real. O sangue escorre na taça que se bebe ao contrário. Almas mortas presas em carne eterna. O sentido se encontra nas entrelinhas constantes de quem sublima a loucura na tentativa de se fazer arte. Arte viva, arte real. Já não sei quem sou ou para onde vou. Nas vitrines, almas em liquidação. Quer pagar quanto? Brilho eterno de uma mente lotada de lembranças. Você não vê?
Espelhos quebrados. Corpos despedaçados. Marionetes ao contrário. Cadê eu, e cadê você? Almas em promoção. Quem gosta de maçã irá gostar de todas porque todas são iguais. Quer pagar quanto?

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Observado

Nos cobertores que me esquentam nas noites solitárias de uma lua qualquer; No vento frio que te esfria, levando-te para longe, bem longe, de mim; Nas pernas cruzadas que se perdem em um nó, e já não se sabe quem sou eu e quem é você; Nas fantasias de um filme fictício, na trilha sonora pensada, nos prazeres modernos feito televisão; Nos livros escritos por poetas mortos da morte que se morre em vida; Na chuva que chove solitária, como lágrimas que escorrem das almas encharcadas.

O coração grita, sufocado pela escolha de sua própria carne, que abriga as ondas que vem e vão como necessidades humanas insatisfeitas. As escolhas da razão queimando feito fogo no peito que sofre calado a existência de ser, mascarado por roteiros expostos nos sorrisos que satisfazem a falsa arte criada em conjunto, pelos que admiram a pele que sobrepõe a alma, vendidos por papel - e nada mais. Choro as lágrimas da verdade, que caem como pedras dos meus olhos, levando o trem que partiu naquela manhã, feito lembranças que se vão sem uma fotografia.  Sorria, você está sendo observado.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

E onde chegamos, afinal?

E onde chegamos, afinal? As luzes se apagam no fim do túnel, e borrões atormentam minha mente - ausente do brilho impedido pela própria cegueira. Tantas constantes perguntas se formulam, já não sei quem escreve por meio desta frágil carne. Tantas almas nascem pelas sementes paridas nas palavras. Abandonados pelo singular, passivos de um plural sem sonhos.
Meu espírito viaja por esses lugares desconhecidos, talvez em busca de sentido, talvez em busca de nada. Perdida dentro de meu próprio labirinto, choro as lágrimas secas que insistem em não cair. As noites sufocam meus seres, sublimados pela arte fingida que insiste em se criar:  pseudônimos de um nome só. Oh, não.
Tantas interrogações se expõem nos quadros, artistas em desespero de criar o pensar, frustrados pela ausência coletiva do sentir em sociedades que se anulam por um pedaço de papel. Cadê você, e cadê Eu?
(...) E onde chegamos, afinal?

As noites inspiram o vômito de um insight qualquer.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Essa Não é Mais Uma Carta de Amor

A observei no banco da praça. Seu balanço lento com os olhos fechados salientou a música calma que cantava em seus ouvidos. As roupas escuras, o cabelo escondendo uma parte do rosto, fazendo, involuntariamente, a imagem observada se parecer com um poema sombrio de Allan Poe. Era possível se encontrar com algumas lágrimas, se não piscasse os olhos e estas se perdessem com o gesto rápido em que ela passava a mão no rosto, tentando encobrir a visível infelicidade com um olhar frio. Uma idosa vestida de veludo vermelho vibrante, com batom igualmente intenso, passa por ela, cumprimentando-a de modo gentil, e ela, ainda coberta com os cabelos no rosto, se endireita no banco, projetando um movimento nos gestos tensos de um sorriso congelado. O vento frio movimenta suas feições, fazendo com que ela se encolha num abraço solitário. As lágrimas continuam a cair de seus olhos, como cachoeiras violentas que se movimentam ao encontrar com a água parada.
A narração real de um encontro de si próprio interfere no tom poético que as palavras escritas poderiam rumar. Escrever é um dom que se encontra naqueles que sabem chorar. O que são as histórias narradas, senão ficções de nossas próprias vidas, protagonizadas por pássaros que cantam lindamente na janela, quando, no mundo real, queremos mesmo é tacar uma pedra para que os mesmos se assustem, e se coloquem a voar por outras janelas, por favor. O sol machuca meus olhos casados com a luz do luar. Como foi que chegamos até aqui? Me fui de onde deveria voltar. Me tornei a escolha da qual se deve negar.
Sentada num balanço lento com os olhos abertos, saliento a música aconchegante que me faz companhia nessa madrugada. As roupas claras, o cabelo preso para trás envolvendo o rosto - todo à mostra -, fazendo, voluntariamente, a imagem propriamente observada se parecer com uma canção de Kurt Cobain. Polly wants a cracker, I think I should get off her first. Há muito as lágrimas secaram, deixando a passividade impaciente ocupar o seu lugar. Ninguém por perto, apenas a cotidiana solidão de mais uma noite na vida daquela que se encontra sentada no banco da praça quando fecha os olhos.

Nossos olhos selam um pacto,
Ausente de palavras,
Assisto-me em estranha epifania,
Ainda que escassa de coragem.

sábado, 28 de abril de 2012

A Luta

Como posso te querer ao meu lado?
Se devo seguir esse destino,
Tão bem escrito quanto numa lápide,
Que borra meu nome na morte que se encontra,
Ao meu lado, te esperando.
Presa num eterno confessionário,
Que se agarra aos meus pés,
Como raízes que vão aumentando,
Numa fúria constante de me fazer ficar.
Talvez, num dia frio,
As nuvens, enfim, se rebelarão
Como nas gravuras dos livros infantis,
Onde o final feliz se reinventa,
Nessa frustrante e constante tentativa,
De nos fazer ficar.
Os joelhos repousados no chão,
O olhar que se depara com o céu,
As mãos que se encontram numa prece,
De um coração nunca calmo,
Em busca de algum pretexto,
De se deixar ficar.
Fique.
O sol se põe para os que desejam ir.
E os pássaros cantam,
Para aqueles que ainda sonham,
Com alguma forma,
De se deixar voltar.

terça-feira, 27 de março de 2012

Desabafo

Um desabafo necessário para não cair em demasiada loucura. É.

Mais uma madrugada me chama, e meus impulsos me guiam para o teclado que tecla sem parar. Às vezes me canso de pensar para escrever, quando tudo que quero é gritar silenciosamente, fingindo arte onde existe apenas a dor.
Às vezes me canso de mim também. Dos meus hábitos, dos meus princípios. Me viro do avesso, e me desconheço novamente - para que possa me conhecer melhor.
Essas noites me roubam o senso, e me permitem ser o que sou. Tantas máscaras se escondem por trás das máscaras - a farsa também é real. A sinceridade é mentira quando estamos ao contrário.

Como pode alguém me conhecer, se nem ao menos descobri quem sou? Sou o que sinto, mas sinto tanto... Sou uma confusão de fios que se encontram em seus desencontros. Sou um pedaço de todos os quadros, um quebra-cabeça sem fim, todas as canções tocadas ao contrário, sou um montão dentro de mim.
Me perco dentro de meus devaneios, rimo sem querer, e às vezes sinto vontade de morrer. O que é a vida, senão um pedaço de papel esperando para ser escrito? Os malditos escritores somos nós, e eu não gosto dos refrões repetidos constantemente em conjunto. Todos cantam as mesmas canções, leem os mais vendidos, gozam em qualquer buraco, e se importam em fazer sentido.

Já não sei o que digo, me tornei um best-seller em liquidação.
Olá novamente, aqui sou eu, sem mim.

Sem fim...

Não, não.

Eu sou assim
Meio ao contrário
Mas não pedi sua opinião
E vá por mim
Desça do palco
A vida é curta,
Para quem só diz "não"

E não me venha
Com esse drink na mão
Oferecendo algum cargo
Nesse circo sem graça
Não, não.

Eu vou cuspindo
Sem proteção
Em suas regras e padrões
Eu tô andando
Na contra-mão
Já não me importo,
Não, não.

Sorrindo
Como nas velhas fotografias
Tomando uma xícara de café
Com minhas velhas utopias
Não me ofereça nenhum cargo
Nesse circo sem graça
E não me venha
Com esse drink na mão
Eu sou assim
Meio ao contrário
A vida é curta,
Não, não.

segunda-feira, 5 de março de 2012

A Contradição

Se já disse que sou, deixei de ser
Se um dia te amei, não mais
Se fizeste o errado, sou tradição
Se colheste a rosa, sou o espinho
Se queres silêncio, sou a canção

Queria que o vento soprasse
E levasse de mim a solidão
Se disseste que fica, por que não?
Onde vejo ternura, sou somente paixão
E para onde todos vamos?
Navegando no navio da escuridão
Feche os olhos e abra a boca
E se perderá no caminho da razão

Digo que não para ser o sim
Faço o contrário que fizeste de mim
Se digo que já fui, bem
É só para não ter de chegar ao fim

Se logo cheguei, já vou indo
Se me amas, é adeus
Se queres câncer, sou escorpião
Se desejas o toque, sou espírito
O que queres enfim, sou somente contradição

sábado, 3 de março de 2012

Não Mais

Com esse blues no coração
Meu bem, tá tudo perdido
Você só me diz não
O paraíso é proibido

Tô piscando para todos
Na rede, peixe é
Você diz que não
Baby, já tô sabendo como é

Vou fugir desse lugar
E levar você na minha garupa
Meu bem, já cansei de falar
Mais um drink, talvez
Vem comigo,
Baby, eu cansei de me cansar

Agora,
Com um violão nas costas
Tenta me encontrar
Meu bem, eu tô pirada
E tô por aí
Baby, eu cansei de me cansar

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Num Sopro Só Meu

Ah, se eu soubesse que o tempo voa
A vida corre num sopro só meu
E se soubesses que você me soa
Um novo rumo que não me ocorreu
E se um dia parar pra pensar
Nesse sorriso que era só teu
A vida passa para te lembrar
Que esse sorriso sorri adiante,
Por você que não quis querer mais eu
E de alguma forma, se quiser tentar
Não vou chorar que já me esqueceu
A vida passa para te lembrar
De tudo que você se arrependeu

Ah, se eu soubesse que o tempo voa
A vida corre num sopro só meu...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Não

Ah, esse amor ferido
Toma-me de mim
Faça-me sua
Ou deixe-me ir embora
Venha,
Pegue a minha mão
Leva-me
Ou deixe-me agora

Sobraram-me restos
As fotos, os fatos
Uma vírgula
E um coração quebrado

Mas mais além
Levou-me a razão
Toda a melodia
E deixou-me
Parcelado,
Um Não.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A Lua

Escalei as pirâmides em busca de respostas para as questões que se instalam constantemente em meu coração, e se impregnam com toda a podridão que reservam para os que duvidam e fazem duvidar.
Há muito deixei de ser poética, para escrever em sensatez.
Um dia me disseram que Papai Noel não existe. Meus olhos se reviraram com a afirmação patética que me era confinada. A rebeldia que se esconde em meu peito nunca me permitiu o luxo de acreditar.
Me casei com as interrogações quando ainda aprendia a cantar com a lua.
Ah, a lua... Linda noite nua.
Sorria para mim, e serei para sempre sua.

Para sempre sua...

sábado, 21 de janeiro de 2012

Odeio você

Você me olha. Me olha de novo. E de novo.
Se assusta, vira o rosto. Ruboriza.
Seus olhos se esbarram nos meus olhos.
Vira as costas, se vai.
Volta.
Conversa, desconversa, sorri.
Olha para o lado, finge procurar.
Olha nos meus olhos. Ruborizo.
Os olhos caem num olhar vagabundo.
Esse olhar vagabundo...

Você me assusta, dispara meu coração, seca a minha boca, me rouba a respiração. Você diz que sim, e logo diz que não. Você invade os meus sonhos, meus pesadelos, e todos os meus pensamentos. Você e esse seu poder de me levar aos extremos, de trazer o meu avesso, de revirar meus olhos.

Odeio você.
Odeio o seu cabelo, as suas roupas, o seu jeito de falar. Odeio a sua segurança tão insegura, e as marcas que o seu sorriso provoca. Odeio suas mãos que me acariciam, e os seus beijos que me tiram o fôlego. Odeio o seu medo de estar ao meu lado, de sentir o que sente quando me vê sorrir. Odeio as músicas que ouve, os lugares que frequenta, as gírias que fala, a timidez de se aproximar. Odeio os textos que escrevo quando penso em você.
Odeio tanto você por não conseguir em momento nenhum, nem por um segundo, simplesmente te odiar.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Cruzando a esquina

Eles dizem que devemos acreditar
E que devemos lutar
E que devemos seguir
Não nos ensinaram a voar
E nessa imensa gaiola
Desaprendi a cantar
Oh, você me encontrou
Minhas asas cortadas
Esqueci quem sou
Esses olhos me observam
Assustam meu íntimo
Já não sei escrever
Perdida por entre esses labirintos
Construído por minhas escolhas

Eu o encontrei cruzando a esquina
Imitei os seus passos por três dias
Esses números importam
Guarde onde há alma
Corra para a saída
Chore o coração
Não olhe para trás
Não diga que
Não.

Há muito deixei de fazer sentido
Para quem não consegue enxergar~~