Olhem só para ela, presa
dentro do espelho, seus olhos do avesso gritam silenciosamente o desespero de
pertencer. Sem que ninguém a toque, seu corpo se contorce em um movimento de
dor: depressão é a doença do século. Diagnósticos anotados em suas cadernetas,
em quatro paredes nada se diz. O sangue escorre do seu pulso em tentativas
frustrantes de se fazer sonhar, e o vento ecoa o silêncio de quem se cala.
Cacos de vidro espalhados pelo chão. Limpe essa sujeira. Ecoa o mundo em
silêncio, cantando em uníssono a mesma canção.
Me cansei dos parágrafos e
das pausas. O que há de se pontuar diante da desesperança vomitada numa
tentativa constante de continuar? O céu chove o choro dos que dançam sem par. Chove
chuva, chove sem parar.
Viagem no tempo. Nada é
real. O sangue escorre na taça que se bebe ao contrário. Almas mortas presas em
carne eterna. O sentido se encontra nas entrelinhas constantes de quem sublima
a loucura na tentativa de se fazer arte. Arte viva, arte real. Já não sei quem
sou ou para onde vou. Nas vitrines, almas em liquidação. Quer
pagar quanto? Brilho eterno de uma mente lotada de lembranças. Você não vê?
Espelhos quebrados. Corpos
despedaçados. Marionetes ao contrário. Cadê eu, e cadê você? Almas em promoção. Quem
gosta de maçã irá gostar de todas porque todas são iguais. Quer pagar quanto?
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