quarta-feira, 6 de junho de 2012

Observado

Nos cobertores que me esquentam nas noites solitárias de uma lua qualquer; No vento frio que te esfria, levando-te para longe, bem longe, de mim; Nas pernas cruzadas que se perdem em um nó, e já não se sabe quem sou eu e quem é você; Nas fantasias de um filme fictício, na trilha sonora pensada, nos prazeres modernos feito televisão; Nos livros escritos por poetas mortos da morte que se morre em vida; Na chuva que chove solitária, como lágrimas que escorrem das almas encharcadas.

O coração grita, sufocado pela escolha de sua própria carne, que abriga as ondas que vem e vão como necessidades humanas insatisfeitas. As escolhas da razão queimando feito fogo no peito que sofre calado a existência de ser, mascarado por roteiros expostos nos sorrisos que satisfazem a falsa arte criada em conjunto, pelos que admiram a pele que sobrepõe a alma, vendidos por papel - e nada mais. Choro as lágrimas da verdade, que caem como pedras dos meus olhos, levando o trem que partiu naquela manhã, feito lembranças que se vão sem uma fotografia.  Sorria, você está sendo observado.