sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ai de Mim

Ai de mim que sou assim
Toda errada, virada, quebrada
Me machuque para não pensar em você
É o coração que pulsa sem rimar
É o desespero que me grita sem parar

Ai de mim se não fosse assim
O que seria de ti em mim?
Me mordo, me prendo, me sofro
De propósito, com propósito

Ai de mim se não pudesse me esconder nas emoções
Minhas palavras dizem o que não quero dizer
Se fosse analisada, seria quebrada em pedaços
Meu quadro está descascado, rachado, sem cor
Seus olhos me guiam para onde não devo ir

Brinco com o seu sorriso
Seu desespero
Seu desejo
Brinco para não me escapar
Te quero tão viciado em mim

Me controlando para não gritar
Assusto olhando as horas
Perdida em pensamentos
Quero te dizer assim
Ai como te quero do ladinho de mim

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Corte ou Corte-se

Quando encontrá-lo, sugarei todo o vazio que reside em sua alma. Esse buraco que te sufoca e faz seu coração parar de pulsar por um segundo, que é quando você reza para que ele pare o suficiente, e te deixe ir embora de uma vez por todas.
Te vejo sorrindo em meus sonhos. Um sorriso fraco, sem luz.
Eu te construí assim.
Talvez para que eu possa te salvar, ou apenas me salvar de mim mesma.
Quando te vejo, é quando me enxergo...
São pedaços retirados daqui de dentro.
Pedaços da podridão que insiste em pregar e me atinge dia após dia.
Mesmo com a Lei Áurea, somos todos escravos de algum Senhor nesse mundo.
Senhor da terra, Senhor do mar.
Senhor dos Senhores, Senhor de nada.
Não, senhor.
Te construo todos os dias, despachando todo o meu lixo em você, e a cada sonho, uma nova sujeira.
Um monstro feito de nada, pelo Senhor de nada.
Você se deixa levar pelos fios que te controlam.
Você chora, grita, reclama. Você não faz nada.
Você observa os fios te levarem para onde não quer ir, e faz o que não quer fazer.
Você diz que é revolução, que é livre, que é o sol e a lua.
Você diz ser tudo, quando na verdade é o nada, controlado pelo Senhor de nada.
Somos marionetes controladas por nós mesmos.
Marionetes em busca de liberdade, no jardim da salvação.
Para ser salvo de nada, no nada.
Marionetes pensando todo esse tempo que este seria o século do livre arbítrio.
Corte, ou corte-se.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Para Não Me Sufocar

Há muito quero escrever para você.
Me desculpe por ter demorado tanto.
Às vezes, eu ainda nem acredito; e às vezes, acredito até demais.
Me pergunto se está viajando como de costume, se está apenas fugindo.
Hoje durmo no canto que costumava ser seu. Às vezes toco em algum lugar da parede, apenas para sentir você, pois sei que já tocou ali também.

A vida inteira eu gritei por socorro, você sabe.
Você sempre correu em minha direção.
Nunca soube se te chamava de Pai ou de Mãe... Hoje sei quem você foi.
Você foi o que sempre vai ser.
Não é verdade quando dizem que não deixou um legado, pois eu sempre estarei ocupando esse lugar. A vida fez com que eu me tornasse um pedaço seu.
Quantas vezes você me salvou?
Quantas vezes se preocupou?
Quantos segredos levou com você?
Meu coração dói de saudade, da falta que você me faz.
Eram tantos planos que eu tinha em mente...
Eu tinha tanta certeza.
Me desculpe, eu não pude fazer nada.

Ouço os pássaros todos os dias. Às vezes sinto que eles estão em minha janela para me acordar, assim como você fazia, cantarolando suas musiquinhas idiotas para me irritar. Às vezes os pássaros me irritam.
Às vezes sinto que devo ir lá fora assistir o sol nascer, e então os pássaros aparecem novamente. Me pergunto se um deles é você...
Charles Chaplin comendo a bota e sugando os cadarços como se fossem macarronada é o nosso clássico. Daria tudo para que você lesse as legendas para mim novamente.

Aquele dia eu senti que seria nosso último abraço. Uma despedida.
Me desculpe ter ido embora tão rápido, eu só queria que aquele momento acabasse logo. Eu nunca soube lidar com os meus sentimentos.
Eu só queria te ver mais uma vez. Te abraçar mais uma vez. Olhar os pássaros juntos por mais um minuto. Ver você tossir de tanto rir de alguma besteira que eu tenha dito. Só te ver mais uma vez.
Às vezes me pergunto se Jesus te deu os meus recados. Não me leve a mal, sei que Ele deu... Mas é tão estranho não receber uma resposta.
Eu só queria te ver mais uma vez.

Eu ainda estou aqui, pulsando. Espero pelo dia que nos encontraremos novamente.
Mas enquanto esse dia não chega, vamos voando por aí, como os pássaros que você tanto admirou e citou a vida inteira.
Saiba que eu te amo eternamente, e espero sempre pela hora de ir dormir, na esperança de que você me visite em meus sonhos.
Te encontro em meus sonhos.
Descanse em paz.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Meu Próprio Caos

As cortinas foram rasgadas, e a janela está aberta.
O vento me susurra o que aconteceu.
Tudo revirado, mas a cama continua intacta.
Eu daria tudo para jogar esses lençóis no chão.
Olho para cima em busca de respostas, e a roupa íntima continua pendurada no ventilador.
O buraco no meu estômago se expandiu, já o sinto em meu crânio. Tento preencher o vazio que me toma a alma, mas tudo que posso é fechar os olhos, e fugir.

Abro os meus olhos e me pergunto que lugar estou. Vejo cordas penduradas, e sinto meus braços se mexerem contra a minha vontade.
Estou dançando. Quero parar, mas não consigo.
Meus impulsos não existem, mas ainda sinto o sangue borbulhar.
Meus olhos procuram por alguém. Estou sozinha.
Minha boca se abre e diz palavras sem sentido. As cordas fazem com que minha cabeça balance para cima e para baixo.
Sim.
Não sei onde estou, nem o que estou fazendo. Quero gritar, mas toda a força que faço só serve para que eu cuspa um bocado de sangue.
Forço as pernas a procurarem por uma saída, ou talvez uma explicação, mas tudo que encontro é um espelho.
"Quem é você?", eu pensei.
Sou eu.
Os olhos abertos como os de um gato, as bochechas e o lábio pintados de rosa. Sou um palhaço.
"Mas o que é isso?", me perguntei.
São fios. Cordas.
Comecei a dançar novamente. Eu não quero dançar. Não consigo parar.
Eu não me controlo mais, estou presa em meu próprio mundo. Sou extrangeira da irrealidade que criei. Sou a marionete controlada por cordas, por mim mesma.
Olho para o lado, assustada, e encontro uma tesoura.
Cortar. Cortar para me libertar.
Com muito esforço, pego a tesoura e corto os fios que me controlam.
Estou livre.
Estou livre?
Começo a dançar novamente. Eu não quero dançar.
Procuro pelos fios, e eles não existem mais.
Não tem fim.
Pego a tesoura novamente e a aponto para os meus olhos.

Abro os olhos. Suspiro de alívio.
Procuro pelo espelho.
"Sou eu denovo", pensei sorrindo.
Começo a dançar. Eu não quero dançar.
Oh, não.
Procuro pelos fios. Eles não estão mais lá.
Ergo meus braços em busca de socorro, sinto alguma coisa ao passá-los pelo ar.
Fios. Cordas.
Invisíveis.
Fecho os olhos para acordar novamente, mas tudo continua igual.
Controlada pelo inconsciente, conscientemente controlada.

As cortinas foram rasgadas, e a janela está aberta.
O vento me susurra o que aconteceu.
Tudo revirado, mas os lençóis estão no chão agora.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Desabafo de Criança

Se parar pra me analisar, vai entender que não sou quem digo ser.
Porque eu nunca tenho o que dizer, baby.
Sempre tão cheia de falar.
Sempre tão cheia pra falar.
Se parar de me analisar, vai entender que eu sou tudo que digo ser.
Porque eu sempre tenho o que dizer, baby.
Sempre tão cheia de falar.
Sempre tão cheia pra falar.
A garotinha está crescendo e a mulher não para de retroceder.
Sempre no extremo caindo do abismo.
Sempre tudo.
Sempre nada.
Às vezes me pego pulando de um prédio ao contrário.
Sempre subindo de volta, rebobinando a fita.
Falta coragem.
Falta vontade.
Dividida, nunca sei quem sou.
Sempre trocando as falas.
Sempre trocando as malas.
Sente-se na mesa e veja com quem está falando.
Quantas máscaras se escondem atrás das máscaras?
Quantos gritos se escondem atrás do silêncio?
É o seu silêncio que alimenta o que há muito já foi silenciado.
Discutindo comigo mesma, minhas almas nunca chegam a uma conclusão.
Brigando para falar, sempre troco de opinião.
E você silencia.

No silêncio
Ele pulou
Do alto do nada
Se entregou
Com as mãos erguidas
Nunca sabe o que dizer

Porque está sempre se entregando
Sempre se entregando
Está sempre se entregando
Sempre se entregando

Se soubesse porque
Dou ênfase
Entenderia
Mas não
Preferem a vaidade de buscar o erro
A entender a verdade
Porque uma criança nunca tem
O que dizer
Será?
O que dizer?

E você silencia.
É o seu silêncio que alimenta o que há muito já foi silenciado.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Relembrando Cássia Eller

Lutamos para chegar ao fim dos contos-de-fadas, mas assim que o "E viveram felizes para sempre" se instala na página, o "Era uma vez" vem logo em seguida.
E a história se repete...
Ou não.
Cássia Eller bem que tentou nos avisar.

Era uma vez...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Só Sei que Sou

Se soubesse quem ser, apenas seria.
Mas já que assim sendo, sendo nada tá bom.
Sou e vou sendo antes que não seja mais Ser.
Ser que vai sendo descobrindo quem ser.
É assim que sou, aprendi sendo.
Sendo quem fui, apenas para ser um Ser.
Mesmo que seja quem vou ser, sendo quem já fui e querendo ser só Ser.
Querendo ser só e ser.
Querendo só ser.
Só sei que sou e vou sendo.
Vou deixando ser.
Vou deixando de ser.
Vou deixando de ser Ser.
De tanto que fui sendo só Ser, escolhi apenas ser.
E sou.
E vou sendo.
Enquanto o tempo me deixar ser.
Enquanto o tempo me deixar ser Ser.
Só sei que sou.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Como Um Pássaro

Sou como um pássaro.
Gosto de voar.
Gosto de bater minhas asas por todo lugar.
Gosto de liberdade.
Gosto de ser livre em minha própria vontade.
Não gosto que me prendam em gaiolas.
Nem que me enganem com grãos e acerolas.
"Lua" foi a primeira palavra que piei.
Fui o último a me sustentar em minhas asas.
O arco-íris foi o último lugar em que pisei.
Me aproximo devagarinho de quem me chama a atenção.
Só não tente me conquistar pegando na mão.
Porque assim eu fico bravo.
E bico.
E fujo.
Passarinho que sou, gosto de assobiar.
Chego às vezes a te irritar.
Mas sou e vivo de melodia.
De que outra maneira poderia alegrar o seu dia?
Prezo por meus momentos de solidão.
Pois assim posso sentir melhor meu coração.
Mas não desprezo minha companhia.
São eles a minha estrela-guia.
O Sol e a Lua são meus companheiros.
Não deixo de admirar como são guerreiros.
Apenas num eclipse que se encontram completamente.
E ainda assim, se amam eternamente.
Olhos curiosos me observam todos os dias.
Gosto da atenção, só não gosto das rebeldias.
Por estar sempre voando,
vivo me desencontrando.
De mim.
De você.
Mas como todo bom pássaro, gosto de ter meu próprio ninho.
De fazer amor a noite inteira, e receber carinho.
O dia amanhece e tudo começa novamente.
Quando você abre os olhos, vê que fui embora de repente.
Não me leve a mal, o problema não é com você.
É que, bem, você sabe...
Sou como um pássaro.
Gosto de voar.
Gosto de bater minhas asas por todo lugar.
Gosto de liberdade.
Gosto de ser livre em minha própria vontade.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Seus olhos tristes

Seus olhos tristes me dizem o que eu não quero saber.
Não me diga, eu não quero saber. Não, não quero.
Seu sorriso falso me faz tremer.
Tudo indica que estamos chegando ao fim.
Quando é que começamos mesmo?
Você me tinha por inteiro, meu bem.
Cada póro de meu corpo transpirava por você.
Meu coração batia em seu peito, sua alma penetrava meu corpo.
Eu costumava transpirar por você, meu bem.
Andando pelo jardim da minha vida, as rosas já não são vermelhas e nem as violetas, azuis. As sementes não geraram o fruto doce que imaginamos.
Em meus gritos sufocados tento lhe dizer o que está havendo, mas eu não sei ser eu sem as metáforas.

Meu bem, venha me esquentar nesse inverno.
Olhe nos meus olhos, diga que me ama.
Não me possua, apenas me ame.

Vamos regar as flores e cortar a grama.
Diga que me quer, vamos aumentar a chama.

Meu bem, não me olhe com esses olhos tristes.
As rosas já não são vermelhas e nem as violetas, azuis.

Com esses olhos tristes, não.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

SOS

Cada palavra que tento expressar são como facadas em minha garganta. Amigdalite não é nada perto da saliva que corrói a mucosa.

Gritar para acordar.
Gritar para continuar acordando.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Despir-me

Ando sumindo de mim mesma, agarrando-me pelos cabelos para que eu não fuja.
Minha cabeça está doendo e meus dedos explodindo.

Uma explosão vai acontecer, baby!
Oh yeah, uma explosão já está acontecendo.

Nunca fui de seguir as regras, as plaquinhas de aviso nunca foram problemas para mim. É, problemas para mim elas nunca foram. Pra mim não, obrigada.

Você se interessa por mim, baby. Você, você e você também. Todos loucos para despir-me de meus pensamentos. Minha alma está nua mas é claro que você não pode ver. Eu só fico nua quando me olho no espelho.
Existem falhas em meu vocabulário. Eu nunca fiz questão de aulas particulares, e ainda assim você vem aqui me despir.

Você está louco para me despir, baby.
Cada poro de seu corpo transpira para despir-me.

Você se pergunta porque é que se interessa tanto por mim, baby. Eu sempre fui sua sessão da tarde preferida: mais repetitiva do que A Lagoa Azul. Sou a rainha das contradições e vivo te deixando de cabeça pra baixo, mas ainda assim sou a sua dose preferida de veneno. Você é tão viciado em mim, baby.

Escrevo me mexendo como se estivesse me libertando, quem é que pode me entender? Só consigo escrever quando é Rock and Roll, baby. Só escrevo quando tudo é Rock and Roll.
Mexendo assim, me liberto. É assim que eu me liberto, baby. É assim, olha: assim que eu me liberto.

Misturo inspirações, faço da sua leitura um parque de diversões. Eu sou um parque de diversões, baby. Mas desculpa, é particular e só entra quem eu deixar. Por aqui, sou eu quem faz o serviço completo. Eu sempre fui o serviço completo. É, eu sempre fui o serviço completo. É, eu sempre fui de repetir.
De repetições em repetições, vou tentando te cansar, mas quanto mais você me lê, mais você quer me despir. Despir-me de meus pensamentos. Você está tão viciado em mim.

Tudo isso faz sentido em minha mente, baby. É, isso faz sentido também. É que tudo está sempre girando quando penso, mas é girando que o sentido desaparece e faz acontecer. Tudo faz sentido pra mim, baby; o sentido nunca existiu.

Meu mundo desaparece quanto as notas se vão. As melodias me movem e possuem meus dedos para que eles possam me despir. Você está me despindo, baby. Você está louco para me despir. Você sabe que eu nunca tive medo de falar.

Não escrevo "Era uma vez", não fui feita para estar dentro do molde. Nenhum molde me segura, baby. Nenhum molde me consome. Mas ainda assim você vem aqui para ler qual alma está falando.

Minhas almas repetem para dar ênfase, e nunca se tornam repetitivas. Mas eu ainda sou a rainha das repetições, a rainha das contradições. A rainha de nada.

Você sempre quer dar continuação ao que chegou ao fim, mas quando o ponto final parte de mim, não há retoque que segure. Eu sou o ponto final, baby. Eu sou o ponto final. É, sou eu quem diz quando termina.

Você está louco para me despir, baby.
Despir-me de meus pensamentos.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Em Busca do Meu "Eu"

Vivo em uma busca sem fim pelo meu Eu.
Assim como Peter Pan brigava com sua sombra para que ela não fugisse, vivo agarrando minha alma para que ela não me escape.

Me desculpe, mas não posso falar no singular.
Em um plural desgovernado, sou dividida em almas.
Como um quadro repintado inúmeras vezes, sempre me retoco.

Minhas almas brigam para falar,
minha mente gira quando quero pensar.

Tentando encontrar o meu lugar, estou sempre me desencontrando.
Quantas vezes já não me perdi de mim mesma?
Estou sempre correndo em um labirinto sem fim, uma espiral que me leva para o mesmo começo.
É tempo de recomeçar,
tudo que quero é continuar.

Pulo parágrafos, invento palavras.
Rimo onde não se pode rimar.
Choro quando devo sorrir,
finjo quando devo chorar.

De tantas divisões, sou cada pedaço que restou de mim.
Cada palavra que sai de minha mente são "Eus", tudo que posso é me expressar.
De tantas almas que se dividiram em mim, tudo que quero é extravasar.

Não sei contar histórias, não sei escrever.
Tudo que faço é expor.
De tantas almas que tenho, girando de Eu em Eu,
é crêr para ver.

De tantas que sou, perdida sem me encontrar,
servindo de exemplo para rosas e cravos,
sirvo de exemplo para te fazer girar.

Não tente me entender,
minhas almas brigam para falar,
minha mente gira quando quero pensar.

terça-feira, 30 de março de 2010

Meu Foco

A melodia faz minha mente pulsar. Tento me concentrar em apenas um pensamento, mas tudo parece estar sempre girando. Como em um brinquedo de rodar, onde as luzes te cegam por passarem rápido demais, e tudo que você enxerga são imagens aceleradas.
É impossível controlar a ânsia que me revira o estômago. Tudo parece tão surreal.

Mas é real, baby. É tudo real.

Penso nele e o que pulsa é meu coração. Deixaria de ser clichê, se pudesse. Mas tudo se torna tão encantador quando lembro de seus olhos sorridentes. Uma Disneyland se instalou em meu cérebro e tenho certeza de que estou flutuando.

Você fez minha mente parar.
Você fez minha mente parar em você, baby.

Dê um pause nas figuras que se projetam diante de meus olhos. O sangue corre por minhas veias tão intensamente que posso sentir. Minhas pernas estão tremendo e meu pulso está gritando.

Gritando por você, baby.

A fumaça do cigarro me enoja, mas em você tudo parece mais saboroso. Comeria jiló se fossem triturados por seus dentes, e com um beijo, passados para minha boca, como fazem os pássaros. Em você tudo ganha mais sabor. A pimenta sempre foi meu afrodisíaco principal.

Me alimente, baby.

Estou suando com o pause em você, querido. O zoom está em seus pés de galinha se formando no canto dos olhos. O cheiro da fumaça contamina minha mente e tudo que vejo são partes do seu corpo.

Estou tão focada em você, baby.

Você é o meu mistério, meu segredo. Minha propriedade. Te tranco dentro da caixinha de música onde a bailarina gira quando dá corda. Assim como minha mente gira quando me foco em você.

Minha mente gira quando me foco em você, baby.

Me foco em você.
Minha mente gira, baby.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Parque de Diversões

Preciso me expor, me extrair de mim mesma. A inspiração está vazando de cada poro de meu corpo. Cada orifício uma idéia.
Minha cabeça está girando e pretendo gritar por socorro, mas vou aproveitar a viagem. Sou sempre o carrossel que te deixa tonto e a montanha-russa que te vira do avesso.

As contradições me traduzem, o paradoxo me expõe. Tão confusa e equilibrada. Me encontrei, mas estou perdida.

Uma mente nunca lúcida, girando de poro em poro procurando a coerência. Tudo que encontrei foram as malditas interrogações em um parêntese.

É.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Sua Decisão

Sou uma farsa. Uma maquiagem pronta para escorrer. Estou em um baile à fantasia e estou segurando a minha máscara que insiste em cair. Tento me esconder, mas estou nua. Minha alma é transparente e eu não sei brincar de colorir.

Tudo bem, eu confesso: a inspiração não vem de mim. Nunca me pertenceu. Ela bate em minha porta nas madrugadas de insônia, entra sem pedir licença e me possui sem permissão.
Sou uma marionete controlada por fios, escrava de minha própria imaginação.

Estou perdida, não conheço este lugar. Olho para os lados e vejo fiozinhos flutuando. Esfrego os olhos e consigo enxergar marionetes penduradas pela garganta. Elas estão rindo e vindo em minha direção. Sinto calafrio, mas não vou gritar.

A máscara caiu, estou em um parto pronto para ser descoberta. Grito. Corto o fio pendurado em meu umbigo e sigo em frente. Estou livre. Sou uma marionete controlada pela liberdade.

Abro meus olhos. Estou novamente na madrugada em que me abandonei.
Continuo pendurada por fios.

Uma marionete dona de seu coração.
Uma marionete por própria opção.

Controle-se ou se deixe controlar.
Pode entrar, ou não.