quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Desabafo de Criança

Se parar pra me analisar, vai entender que não sou quem digo ser.
Porque eu nunca tenho o que dizer, baby.
Sempre tão cheia de falar.
Sempre tão cheia pra falar.
Se parar de me analisar, vai entender que eu sou tudo que digo ser.
Porque eu sempre tenho o que dizer, baby.
Sempre tão cheia de falar.
Sempre tão cheia pra falar.
A garotinha está crescendo e a mulher não para de retroceder.
Sempre no extremo caindo do abismo.
Sempre tudo.
Sempre nada.
Às vezes me pego pulando de um prédio ao contrário.
Sempre subindo de volta, rebobinando a fita.
Falta coragem.
Falta vontade.
Dividida, nunca sei quem sou.
Sempre trocando as falas.
Sempre trocando as malas.
Sente-se na mesa e veja com quem está falando.
Quantas máscaras se escondem atrás das máscaras?
Quantos gritos se escondem atrás do silêncio?
É o seu silêncio que alimenta o que há muito já foi silenciado.
Discutindo comigo mesma, minhas almas nunca chegam a uma conclusão.
Brigando para falar, sempre troco de opinião.
E você silencia.

No silêncio
Ele pulou
Do alto do nada
Se entregou
Com as mãos erguidas
Nunca sabe o que dizer

Porque está sempre se entregando
Sempre se entregando
Está sempre se entregando
Sempre se entregando

Se soubesse porque
Dou ênfase
Entenderia
Mas não
Preferem a vaidade de buscar o erro
A entender a verdade
Porque uma criança nunca tem
O que dizer
Será?
O que dizer?

E você silencia.
É o seu silêncio que alimenta o que há muito já foi silenciado.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Relembrando Cássia Eller

Lutamos para chegar ao fim dos contos-de-fadas, mas assim que o "E viveram felizes para sempre" se instala na página, o "Era uma vez" vem logo em seguida.
E a história se repete...
Ou não.
Cássia Eller bem que tentou nos avisar.

Era uma vez...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Só Sei que Sou

Se soubesse quem ser, apenas seria.
Mas já que assim sendo, sendo nada tá bom.
Sou e vou sendo antes que não seja mais Ser.
Ser que vai sendo descobrindo quem ser.
É assim que sou, aprendi sendo.
Sendo quem fui, apenas para ser um Ser.
Mesmo que seja quem vou ser, sendo quem já fui e querendo ser só Ser.
Querendo ser só e ser.
Querendo só ser.
Só sei que sou e vou sendo.
Vou deixando ser.
Vou deixando de ser.
Vou deixando de ser Ser.
De tanto que fui sendo só Ser, escolhi apenas ser.
E sou.
E vou sendo.
Enquanto o tempo me deixar ser.
Enquanto o tempo me deixar ser Ser.
Só sei que sou.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Como Um Pássaro

Sou como um pássaro.
Gosto de voar.
Gosto de bater minhas asas por todo lugar.
Gosto de liberdade.
Gosto de ser livre em minha própria vontade.
Não gosto que me prendam em gaiolas.
Nem que me enganem com grãos e acerolas.
"Lua" foi a primeira palavra que piei.
Fui o último a me sustentar em minhas asas.
O arco-íris foi o último lugar em que pisei.
Me aproximo devagarinho de quem me chama a atenção.
Só não tente me conquistar pegando na mão.
Porque assim eu fico bravo.
E bico.
E fujo.
Passarinho que sou, gosto de assobiar.
Chego às vezes a te irritar.
Mas sou e vivo de melodia.
De que outra maneira poderia alegrar o seu dia?
Prezo por meus momentos de solidão.
Pois assim posso sentir melhor meu coração.
Mas não desprezo minha companhia.
São eles a minha estrela-guia.
O Sol e a Lua são meus companheiros.
Não deixo de admirar como são guerreiros.
Apenas num eclipse que se encontram completamente.
E ainda assim, se amam eternamente.
Olhos curiosos me observam todos os dias.
Gosto da atenção, só não gosto das rebeldias.
Por estar sempre voando,
vivo me desencontrando.
De mim.
De você.
Mas como todo bom pássaro, gosto de ter meu próprio ninho.
De fazer amor a noite inteira, e receber carinho.
O dia amanhece e tudo começa novamente.
Quando você abre os olhos, vê que fui embora de repente.
Não me leve a mal, o problema não é com você.
É que, bem, você sabe...
Sou como um pássaro.
Gosto de voar.
Gosto de bater minhas asas por todo lugar.
Gosto de liberdade.
Gosto de ser livre em minha própria vontade.