A narração real de um encontro de si próprio interfere no tom poético que as palavras escritas poderiam rumar. Escrever é um dom que se encontra naqueles que sabem chorar. O que são as histórias narradas, senão ficções de nossas próprias vidas, protagonizadas por pássaros que cantam lindamente na janela, quando, no mundo real, queremos mesmo é tacar uma pedra para que os mesmos se assustem, e se coloquem a voar por outras janelas, por favor. O sol machuca meus olhos casados com a luz do luar. Como foi que chegamos até aqui? Me fui de onde deveria voltar. Me tornei a escolha da qual se deve negar.
Sentada num balanço lento com os olhos abertos, saliento a música aconchegante que me faz companhia nessa madrugada. As roupas claras, o cabelo preso para trás envolvendo o rosto - todo à mostra -, fazendo, voluntariamente, a imagem propriamente observada se parecer com uma canção de Kurt Cobain. Polly wants a cracker, I think I should get off her first. Há muito as lágrimas secaram, deixando a passividade impaciente ocupar o seu lugar. Ninguém por perto, apenas a cotidiana solidão de mais uma noite na vida daquela que se encontra sentada no banco da praça quando fecha os olhos.
Nossos olhos selam um pacto,
Ausente de palavras,
Assisto-me em estranha epifania,
Ainda que escassa de coragem.
Todos estes livros na tua estante
ResponderExcluirJá carcomidos de poeira e tempo
Eles não diminuem o vazio dos teus olhos que lêem e procuram,
Apenas mostram que há, por aí, tantas outras almas
perdidas como você...
Mas não há salvação
Você dança ao som de todas estas canções
E canta, e grita, e delira
Mas há um silêncio ensurdecedor
Que não vai embora
E que aperta
O nó da garganta
Todas estas pessoas que te cercam e te desejam
Não sabem o que você é
nem o que você quer ser:
Você quer ser livre
“Completa-mente-solta” (CV)
Mas teus olhos
Que mentem e disfarçam
Que brilham e que também choram
Seus olhos de ondas enfurecidas
De tempestades e calmarias
eles entregam tua tristeza e tua esperança já exausta
mas que
(você também não sabe o motivo)
Persite
(tão bonita)
Lindo, e genial.
ResponderExcluirAdianta eu falar que fiquei curiosa? :)