segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A Arte Implora

O vento sussurrou em meu ouvido
A cegueira não me deixou ouvir
A ligação eterna entre tudo e todos
O barro de nossos corpos
As almas podres infestadas
As mentes pulsantes manipuladas
E há tanto não mudo o repertório
Do coração que sofre a abstinência
De pertencer onde não pertence
De existir onde não há existência
O surto dos que vivem morrendo
Sangrando por não mais ser
Os olhos imploram por ajuda
As imagens imploram por seguidores
A carne implora por adubo
A arte implora por liberdade
O céu esqueceu de se despedir
A pressa de simplesmente querer ir
Admirando o papel que tira a vida
Rasgue enquanto há saída
Sofra o pacto de se vender
Liberte-se das emoções implantadas
Apenas viva o seu ser
O espírito preso às assinaturas
Há espera das escrituras
O sol se vai mais uma vez
A lua sempre está
A música que não tocou
O quadro que não se pintou
As nuvens se entregam: a arte implora por liberdade

Um comentário:

  1. "a arte implora por liberdade"
    Eu deveria vir mais vezes aqui ler as suas palavras, porque elas me fazem muito bem e me dão uma verdadeira VONTADE de arte. Vontade de sentar a bunda na cadeira e escrever, sabe? E você sabe que eu tô precisando disso.
    Duda, você é poeta - não poetisa, poeta mesmo, mais macho que muito homem. Suas palavras são pra serem sentidas, não entendidas. Mas quando se pára pra pensar nelas... Puta que pariu! Além de tudo é uma pensadora.
    Te admiro demais: linda do jeito que é, autêntica, escrachada, e além de tudo, artista. Tenho orgulho de fazer parte - mesmo que só um pouquinho - da sua vida. :)

    P.S: o blog tá lindo! nada mais a sua cara que Alice!

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